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Seminário: Micro-história

LEVI, Giovanni. 1992. “Sobre à micro-história”. In A escrita da história: novas

perspectivas, Peter Burke, org., págs. 133-162. São Paulo: Editora UNESP.

ROSENTAL, Paul-André. 1998. “Construir o ‘macro’ pelo ‘micro’: Fredrik Barth e a

‘microstoria’”. In Jogo de escalas: a experiência da microanálise, Jacques Revel,

org., págs. 151-172. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas.

História e Antropologia.

1- Apresentação

Dando continuidade, depois de discutir a História na Antropologia, os textos que irei apresentar são de perspectiva inversa: Como os historiadores estão utilizando a Antropologia mesmo a despeito do amplo campo semântico compreendido na palavra história, enumerando uns logo abaixo:

História Disciplina

História como objeto da Filosofia e assim Filosofia da História (processo Histórico)

História dentro da perspectiva da crítica estruturalista de mudança e movimento. (Agência)

A perspectiva na qual História aqui nos interessa, embora perpasse todos estes campos, diz respeito à perspectiva disciplinar. Tratamos nos textos da discussão de uma proposta metodológica pensada a partir de problemas colocados por mudanças de paradigmas ou de reflexões epistemológicas.

Tema:

A partir de uma problemática colocada pela questão das estruturas, alguns historiadores, dentre os quais, principalmente, Giovannni Levi e Carlo Ginzburg , propõem um novo método na pesquisa histórica amplamente influenciada pelo conceito de etnicidade do antropólogo norueguês Frederik Barth cuja obra de principal expressão é Ethnic groups and boundaries (1976a).

Tal problemática é vista como uma nova proposta na História Social e no que diz respeito à Historiografia Brasileira, tem sido discutida por alguns autores específicos; parece haver em Vainfas uma preocupação, sobretudo com os jogos de escalas.

O problema na Historiografia, breve contextualização.

A perspectiva histórica da trajetória disciplinar da História aqui esboçada (e muitíssimo resumida, pressupondo já um conhecimento prévio) segue Peter Burke. Embora apologeta da História Cultural , como visto em sua demonstração acerca de mitos de origem da mesma; o exemplo seria sua apresentação de um dos ‘pais’ da História Cultural, Jacob Burckhardt,  historiador suíço, que em 1878 escreveu The Civilization of the Renaissance in Italy, estudo conhecido e colocado na tradição de um campo em legitimação na historiografia, a chamada História Cultural, no qual Peter Burke é um  grande estudioso e articulador.

Contra uma História Política e dos acontecimentos no paradigma Rankeano(positivista), na qual o Arquivo tornou-se peça principal e a despeito de exceções como à perspectiva contemporânea a esta como as de Herder e Vico, surge um movimento de contestação na França a partir de uma Revista pelo qual ficou mundialmente conhecido: “ Revue des Annales”. Surge daí a proposta de uma História Estrutural, aproximação ao modelo da sociologia durkheimniana, dando origem a uma História Social. Em uma perspectiva de conflitos, esta História Social, em sua vertente que estuda as idéias (história das mentalidades) ou em sua abordagem mais social e dialética, sendo a pesquisa histórica epistemologicamente orientada por diversas perspectivas como a marxista, entendendo aqui por marxista as possibilidades investigativas dos diferentes marxismos. Este campo também abre possibilidades para propostas de uma História Intelectual, idéias de filósofos ou uma história social dos intelectuais, uma História econômica com diálogo com os economistas ou o dialogo com a sociologia e a Antropologia Social. Centrando-se assim, em uma perspectiva interdisciplinar, como proposta principal para a investigação histórica segundo os Annales.

Um segundo desdobramento desta perspectiva, que é entendida por alguns como uma fragmentação, tem-se desdobrado em História Serial (éventuellement), História quantitativa (cliometria) dados estatísticos, arquivos como banco de dados, uma História vista de baixo, uma História Feminista cuja categoria central passa a ser o gênero e, enfim , a própria proposta da Micro-história como resposta aos determinismos estruturais de matriz althusseriana no marxismo ou de matriz estrutural funcional. Funcionalismo(estrutural) perspectiva psicologizante, (psicologia social) e anacronismo psicológico. Outra perspectiva é a própria  ao modelo da História Social ‘das estruturas’ seria a História Cultural; que como nos mostra Peter Burke, centra-se em torno do conceito de Cultura da antropologia. Um ponto talvez interessante para reflexão é que enquanto os historiadores se apropriam do conceito de cultura a partir de uma perspectiva culturalista,  ao mesmo tempo a antropologia vem fazendo duras criticas a este próprio conceito de cultura. (ver os trabalhos de Clifford, Fischer, Abu-Lughod)

Os principais nomes da EHESS, Historiografia Francesa e Escola dos Annales (1929-1989) são Emmanuel Le Roy Ladurie,Philippe Ariès,Georges Duby,François Furet,Jacques Le Goff,Lucien Febvre,Marc Bloch,Pierre Nora,Pierre Vidal-Naquet,Jacques Revel,Fernand Braudel. Passando por várias gerações, a 3° geração de Annales é conduzida por Michel Foucault e Jacques Le Goff; fica mais conhecida como a “Nova História” onde toda a atividade humana é considerada história.

Juntamente ao que acontece com a Antropologia, a História vem se debruçando sobre questões epistemológicas fruto de novas relações estabelecidas pela pesquisa com novas fontes e objetos/sujeitos. Ver as relações da História com a cultura material, vide Arqueologia, História oral, Imagens vide iconografia e iconologia, História da Arte.

Segue abaixo uma imagem dos campos na Historiografia segundo diversos critérios levantados por BARROS, José D’Assunção em O Campo da História – especialidades e abordagens. Petrópolis: Vozes, 2005.

LEVI, Giovanni. 1992. “Sobre a micro-história”. In A escrita da história: novas perspectivas, Peter Burke, org., págs. 133-162. São Paulo: Editora UNESP.

Breve Biografia de Giovanni Levi

GIOVANNI LEVI (Milano, 1939), professore ordinario di Storia moderna, ha insegnato nelle Università di Torino, Viterbo e Venezia e in numerose università straniere (Francia, Spagna, Argentina, Messico, Stati Uniti). Ha diretto la collana Microstorie (Einaudi) e la rivista “Quaderni storici”. Fa parte della redazione delle riviste: “Rivista di storia economica”, “Zakhor”, “l’Espill”, “Enquete”, “Pasajes”. Collabora all’associazione MERIFOR (Mediterraneo, Ricerca e Formazione) e fa parte del consiglio direttivo di IDEAS (Centro interdipartimentale per l’analisi delle Interazioni Dinamiche tra Economia, Ambiente e Società). E’ co-cordinatore del Dottorato del programma di studi avanzati dell’ Università Pablo de Olavide di Siviglia ‘ Europa, el mundo mediterraneo y su proyeccion atlantica’ ed è membro del Consiglio didattico del Dottorato dell’ Università di Ca’ Foscari ‘Storia sociale europea dal Medioevo all’ Eta’ moderna’. Ha scritto, tra l’altro, L’eredità immateriale,Torino, Einaudi, 1985; Centro e periferia di uno stato assoluto, Torino, Rosenberg, 1985;. Sta lavorando a una storia del consumo in età moderna.

A principal obra de Giovanni Levi na Historiografia

LEVI, Giovanni. A herança imaterial. Trajetória de um exorcista no Piemonte do século XVII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.

In: http://www.unive.it/nqcontent.cfm?a_id=7043&persona=000910

University

Of

Venice
levi@unive.it

Abordagens da Micro História para Giovanni Levi

A micro – história tem como proposta  uma história experimental. No lugar de fazer uma leitura do passado já de antemão estruturada, trata-se de explicar o passado a partir de elementos retirados “empiricamente” do próprio contexto re-criado entre configurações constantemente em adaptação. (Rosental) chama à isto de neopositivismo. A (estrutura), o sistema é composto por elementos (micros). A diferença disto para um relativismo é que ainda se procura explicações maiores.

Definição de Revel em Lê pouvoir au village(1989): Define a micro história como a tentativa de estudar o social, não como um objeto investido de propriedades inerentes, mas como um conjunto de inter-relacionamentos deslocados, existentes entre configurações constantemente em adaptação.

Um dos problemas que queremos levantar aqui é o da Revisão Teórica, ou seja, como a Historiografia se apropria dos conceitos das Ciências Sociais: Conceitos nas ciências sociais imprecisos e utilizados metaforicamente.


Caracterização da Micro-história

A micro-história como prática historiográfica tem suas referências teóricas variadas e, em certo sentido, ecléticas.  O sentido da micro-história não é definido em relação às micro dimensões de seus objetos de estudos.

Nesse sentido, Levi define a micro-história como um trabalho experimental por não ter uma ortodoxia estabelecida para dele se servir (crítica ao marxismo, estruturalismo) modelos na História da Historiografia até então anteriores. Com efeito, ter-se-ia um movimento epistemológico do fato para teoria e não da teoria para o fato como objetivos últimos. Essa perspectiva apareceu em História no contexto político da Década de 70 e a resposta dos Historiadores aos grandes sistemas funcionalistas e marxistas que até então dominavam a História Social. Tal como Levi nos fala de uma revisão do aparato conceitual e um deslocamento no que diz respeito à falência dos sistemas e paradigmas existentes para uma completa revisão dos instrumentos de pesquisa atuais.

O que interessa tanto o historiador neste movimento e que permitirá qualificá-los segundo apresentação de Burke de neopositivistas, pode ser visto  a partir da ênfase na pesquisa que Barth tão bem expressou em sua teoria da etnicidade colocada diretamente do campo (Arquivo dos Antropólogos) dando destaque para o empírico como defendido nos postulados positivistas a partir da primeira definição científica de história (Historik Alemã) que se deu no movimento da consagração do Arquivo por Ranke em seu modelo positivista e o que na Antropologia Social só foi logrado por Malinowski tempo depois. O que eu quero dizer aqui é que a História já nasceu positivista e a Antropologia também, lembrando dos evolucionistas culturais anteriores a Malinowski que concluiu o processo com relação a metodologia, com a ‘invenção’ da prórpria etnografia.

Críticas ao movimento da mudança social.

Progressão regular pelos agentes sociais conforme dois modelos: ou conforme as solidariedades ou conforme o conflito (dialética marxista) em algum determinado sentido, naturais e inevitáveis.

Ao (Processo Histórico) possuindo um sentido único, aqui também cabe a palavra História, mas com outro valor semântico que não o da Disciplina.

A crise, Outras respostas e justificação.

Contudo, Levi coloca que a micro-história com certeza não foi à única resposta a esta crise  aos postulados da História Social, mas evidencia sua justificativa caracterizando-a a partir de sua redefinição de conceitos e uma análise aprofundada dos instrumentos e métodos existentes.

Justificação de Levi mostra sua posição perante as outras formas de resposta à crise deste contexto que, segundo o autor , são: ‘absolutamente mais drásticas que com freqüência desviam para um relativismo desesperado, para o neo-idealismo ou mesmo para o retorno a uma filosofia repleta de irracionalidade.’ *

Sujeitos que praticam a Micro-História.

Historiadores que tinham suas raízes no marxismo, em uma orientação política para a esquerda e em um secularismo radical com pouca inclinação para a metafísica.

Proposta.

Pág. 135.  Seu trabalho tem sempre se centralizado na busca de uma descrição mais realista do comportamento humano, empregando um modelo de ação e conflito do comportamento do homem no mundo que reconhece sua – relativa – liberdade além, mas não fora, das limitações dos sistemas normativos prescritivos e opressivos. Assim, toda ação social é vista como o resultado de uma constante negociação, manipulação, escolhas e decisões do indivíduo, diante de uma realidade normativa que, embora difusa, não obstante, oferece muitas possibilidades de interpretação e liberdades pessoais. (lembro-me do conceito de De Certaeu De tática e estratégias. Um para estrutura e outro para a ação do indivíduo.) Pensar a História e a Estrutura de Sahlins, com a diferença da Longue Durée de Braudel como este coloca em Ilhas de História.

O problema Disciplinar.

Segundo Levi a micro-história não tem como questão principal o conflito entre a nova história e a história tradicional (apesar de ser fruto de tais questionamentos) sua principal questão era combater a perspectiva de uma história encarada como uma prática interpretativa. A história não é um texto, e por isso o historiador reclama o direito de interpretar os acontecimentos e não os textos. As estratégias para isso são os métodos da Micro-história e uma nova definição de perspectiva.

a) – Redução de Escala Pág. 137

Para a micro-história, a redução de escala é um procedimento analítico, que pode ser aplicado em qualquer lugar, independentemente das dimensões do objeto analisado. Pois sua prática é essencialmente baseada, em uma análise microscópica e em um estudo intensivo do material documental.

A diferença é que tal perspectiva não tem como questão, simplesmente, chamar a atenção para as causas e os efeitos do fato de dimensões diferentes que coexistem em cada sistema social.

Proposta de Barth e o seminário organizado por ele em Oslo em 1978.

A diferença é que micro não é o objeto de estudo e sim o local de estudo o Problema é macro. a perspectiva que é micro. O exemplo do pão e a hierarquização dos sistemas. A Micro – História está ligada à Proporcionalidade.

Escala. 1/1, a realidade. Pensar na representação do todo, mas é o todo que prevalece. 32/1. 2/1, onde o micro tem suas próprias configurações, mas é neste micro que pode-se encontrar respostas para questões macro.

Este problema tem relevância tangencial quando o problema real está na decisão de reduzir a escala de observação para propósitos experimentais.

O resultado deste procedimento: os fenômenos previamente considerados como bastante descritos e compreendidos assumem significados completamente novos, quando se altera a escala de observação. É então possível utilizar esses resultados para extrair uma generalização mais ampla, embora as observações iniciais tenham sido feitas, dentro de dimensões relativamente estreitas e mais como experimentos do que como exemplo.  (pág. 141)

Se não me engano: Temos aqui uma relação epistemológica de complementaridade do numerador da escala, com o denominador, sendo o último correspondendo a uma realidade própria. Este movimento de complementaridade está radicado na possíveis generalizações. Complementaridade de significados. Experimento no lugar de exemplo e também não o contrário uma radicalização dos significados.

b)- uma definição específica do contexto e a rejeição do relativismo.

Definição específica do contexto.

Aproximação da Antropologia e História:

A construção do contexto segundo a perspectiva da descrição densa: Em vez de se iniciar com uma série de observações e tentativas para impor sobre elas uma teoria do tipo legal, esta perspectiva parte do conjunto de sinais significativos e tenta ajustá-los em uma estrutura inteligível. È a construção do contexto a partir dele mesmo.

Entretanto: O problema da produção das fontes (o mesmo da História Oral) e a Autoridade Etnográfica apontada por Clifford. O Problema da Interpretação ilimitada.

Rejeição do Relativismo.

Aferições Epistemológicas

Produzido pelo negligenciamento da teoria. A teoria é válida somente no contexto.

A proposta de Levi é que tanto a quantidade de informação necessária para se organizar e definir a cultura, quanto à quantidade de informação necessária à ação, são historicamente mutáveis e socialmente variáveis. Seria esse, portanto, o problema que necessita ser enfrentado, uma vez que o arcabouço das estruturas públicas, simbólicas, é uma abstração. Pág. 149

Posição de Levi como uma espécie de limitação auto-imposta (pág. 144)

c)- o debate científico sobre a racionalidade

Teorias da racionalidade de Geertz (Um excurso) que vai até a aproximação deste com Heidegger)

Segundo Levi: Aqueles que concordam com essa abordagem (exposta por Geertz) não acreditam que seja necessário questionar as limitações, as possibilidades e a mensurabilidade da própria racionalidade. (Culturologia) Reificação da cultura?

A resposta de que, todavia este processo (como nos coloca Geertz) não é somente um processo privado, uma vez que o significado dos símbolos repousa no fato de que eles são compartilhados e por isso comunicável, assim organizado.

Problema do ator racional, uma autêntica idéia-mestra, uma premissa que implica, em Barth, não só uma sociologia, como uma determinada concepção do ser humano e de suas obras. (Villar) caracterização.

e)- a questão da capacidade receptiva e a narrativa

Nem é somente um problema entre história qualitativa e a construção retórica como acusada por Hayden White ou a história serial quantitativa. A resposta da Micro história é a direção do problema exclusivamente para a questão da comunicação da obra, sua proposta é a de que o leitor não seja considerado uma tabula rasa, mas que assuma o papel de interlocutor no processo narrativo construído sobre a forma de diálogo. Pressupostos da heteroglossia de Bakthin


ROSENTAL, Paul-André. 1998. “Construir o ‘macro’ pelo ‘micro’: Fredrik Barth e a ‘microstoria’”. In Jogo de escalas: a experiência da microanálise, Jacques Revel, org., págs. 151-172. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas

Breve Biografia

Directeur d’études à l’EHESS (École des hautes études en sciences sociales ) ; Chercheur associé à Études Sociales et Politiques des Populations, de la protection sociale et de la santé (ESOPP (Unité « Histoire et Populations »).

Discipline :  Histoire et civilisations de l’Europe

In: http://www.ehess.fr

A crítica de Rosental à microstoria italiana.  Em termos de uma revisão comparativa e histórica das relações das propostas da micro história e as propostas teóricas do antropólogo norueguês Frederik Barth.

Define-a como os que pretende modificar a percepção dos objetos conhecidos aplicando aos fenômenos estudados uma multiplicidade de olhares sucessivos e apresentando sob ângulos diversos realidades frequentemente contraditórias. Elas acarretam também uma reflexão sobro o modo de construção da narrativa pelo historiador. Esta abordagem o autor chama-a de “multiscópica”.

O próprio nome colocado por Rosental já nos permite ver sua crítica à abordagem que ele propõe. Multiscópica ao contrário da micro história que são leituras micros de um processo geral que não considera a heterogeneidade do micro enquanto relações únicas. Sempre com um pé no macro, o que o autor chama de abordagem Barthiana a tentativa de construir o macro pelo micro.

Assim Rosental coloca a micro-história no que ele qualifica como neo-realista.

Define na página 152

Por meio da promoção de um sujeito que pensa e age segundo modalidades básicas universais e racionais, podemos definir o projeto micro-histórico como aquele que visa a reconstituir todas as cadeias de causalidade que, a partir das escolhas dos indivíduos, produzem as formas sociais que observamos. A escala não é mais aqui um instrumento com o qual podemos jogar de maneira quase indiferenciadas: ela deve necessariamente privilegiar um plano particular – o microscópico.

Segundo Rosental, a matriz teórica que influenciou a micro história italiana foi a de Frederik Barth.

Na primeira parte são apresentado as relações das propostas de Barth sobre a racionalidade limitada, incerteza, incoerência dos sistemas de norma, espaço dos possíveis, causalidade não-determinista, continuum das formas sociais com as proposta da micro-história.

Então o autor argumenta que essas três grandes linhas teóricas (ênfase na mudança, na não coerência dos sistemas normativos) que permitem estas perspectivas não deslocarem apenas os pressupostos, mas os próprios objetos de estudo. Nas abordagens macro-estrututurais, um comportamento é normalmente aceito como a tradução imediata e inequívoca de um conjunto de normas, às quais ele permite, segundo se supõe, remontar.

Mais uma vez o conceito de Estratégias e Táticas de De Certeau. Quando Rosental coloca em cena um individuo ativo e racional, operando escolhas próprias; dar conta das obrigações e das limitações que pesam sobre ele; relatar essas obrigações numa escala microscópica; mostrar que a incerteza no nível da troca interindividual não é incompatível, no nível agregado, com regularidades comportamentais. (Teoria dos Jogos)

A noção de Valor pág. 159.

Método. A primeira tarefa do observador deve ser examinar as escolhas efetuadas pelos autores. Ele deve em seguida relaciona-las às configurações particulares nas quais estes estão inseridos, determinando notadamente os recursos dos atores e as obrigações que pesam sobre eles. É o estabelecimento dessa relação que deve permitir descobrir os valores, concebidos como os parâmetros que terão sido levados em conta nas decisões individuais.

A partir das principais noções Barthianas o autor começa a colocar os termos que fazem uma junção da teoria de Barth com a microhistória. Fazendo comparação do Livro de Levi e M. Gribaudi Pág. 167.

Assim o autor volta às premissas de sua analise, apontando que a razão pela qual Barth vê na dimensão microscópica a fonte da mudança social está ligada à importância que ele confere à diversidade.

Ainda na explicitação dos fundamentos Barthianos na obra de Gribaudi o autor aponta a posição que ele caracteriza como popperiana da necessidade de poder submeter os modelos propostos (pois trata-se apenas, em todos os casos, de modelos) a tentativas de falsificação. A despeito das diferenças com a micro história que preza mais pela validação do que pela falsificação, esta atribui o tratamento da história como uma verdadeira ciência experimental alinhada não à compreensão e sim à explicação caracterizando-a finalmente como neo-positivista, ponto que já foi apontado a partir do retorno a empiria no modo determinante da produção da inferências da história.

Na verdade o texto de Rosental nos ajuda a clarificar a partir de uma comparação uma posição que aparece obscurecida no texto de Levi. Até porque tem propostas diferentes: A primeira explicar o que é a micro-história em termos de projetos e o outro contrapor a gênese teórica a partir de uma história intelectual dos diálogos internos entre disciplinas apontando o estatuto epistemológico deste debate num contexto maior, embora superficialmente. O que um Epistemólogo iria fazer melhor.  Rosental faz é iniciar o dialogo franco pelo prisma de uma história intelectual entre a Antropologia e a História.


* Levi Positivista e Racionalista

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